Sinto saudade todos os dias, saudade da minha infância, saudade da minha adolescência, das bobagens que fazia sem pensar nas conseqüências, onde tudo era motivo de festa e a responsabilidade da vida ainda não existia, saudades de algumas pessoas que passaram por mim e tomaram rumos diferentes do meu, outras com quem mantenho contato mas estão do outro lado do mundo, saudade do tempo de colégio e do tempo da faculdade e de tudo que passei por lá, saudade da pós graduação e das pessoas especiais que conheci, saudade de uma música, de um filme, de uma história, de uns dias que já passaram, saudade daquela viagem especial, daqueles momentos engraçados e também daqueles de aprendizado, de situações já vividas... a todo tempo sinto saudades, mas nesses últimos dias tem uma saudade que não me deixa, a saudade que sinto da minha vó... de quando conversávamos e ela me contava coisas da vida dela, de quando assistíamos as novelas juntas e da mania que ela tinha de mexer os dedos de forma engraçada, do quanto eu ria quando flagrava ela comendo doce escondido sabendo que não podia, dos conselhos que ela me dava e da implicância que tinha com as minhas amigas, de quando acordava cedo e ia fazer a feira para ela, de como ela dizia que não gostava das minhas unhas pintadas com esmalte escuro, de quando ela quebrou o braço e eu passei o dia chorando pensando na dor que ela estava sentindo, de quando ela não conseguia mais ler e eu pegava a bíblia e começava a ler para ela e cantar o coro da igreja que ela me ensinou e como era gratificante ver aqueles olhos brilhando, aquele sorriso em minha direção e aquela mão que segurava a minha com firmeza.
Como eu me sentia amada por ela .A mulher de quem tenho tanto orgulho e de quem sempre vou me emocionar ao falar. A minha vó Lídia de quem nunca vou esquecer, a saudade que nunca vai passar.
(Aksa Bandeira)
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